domingo, 18 de outubro de 2015

Entrevista com o autor Júlio César Rocha


"Caio olhava nos seus olhos. Ela teve certeza que tentaria beijá-la de novo. Para se defender, afastou-se levemente para trás. Não precisava disso. Ele não iria cometer duas loucuras em tão pouco tempo. Mas queria deixar uma lembrança. Então num gesto rápido, beijou seus dedos como quem vai mandar um beijo para quem está longe, e os pousou na boca de Mariana, pronunciando a única frase que lhe veio no momento. 
- Um beijo no teu sorriso."


O autor do incrível livro Um Beijo No Teu Sorriso foi o primeiro autor a acreditar no potencial do blog e concordar em fazer a parceria com o blog. Por isso só tenho gratidão. Como se não bastasse, o livro possui uma inegável qualidade. 

Realmente me prendi totalmente ao livro, o final é incrível, surpreendente. Enfim... Um ótimo livro. Na verdade ótimo não define; É mais que isso. 

E depois de meses em que a resenha do livro foi feita, estou, para enfim postar a entrevista com o autor! Sem muitas enrolações....


Antes de começarmos as perguntas, fale um pouco sobre você.

Sou um profissional apaixonado pela escrita. Durante toda a minha vida eu trabalhei escrevendo. Seja como jornalista, publicitário ou professor universitário. No jornalismo eu escrevia notícias e reportagens; na publicidade eu escrevia anúncios para jornais e revistas e roteiros de comerciais para televisão e rádio; e no magistério eu dava aulas de redação jornalística e redação publicitária. Então, chegou um momento em que eu me dei conta que faltava um livro. As histórias estavam pipocando na minha mente, mas faltava escrevê-las para que o mundo pudesse conhecê-las. Sou adepto da tese de que mais vale uma pequena história escrita e publicada do que uma grande guardada na sua cabeça.

1- Como que surgiu a ideia de escrever um livro? E a temática, como foi decidida?

Quando decidi ser escritor eu determinei que seria um autor de “love stories”. Acho que tenho facilidade pra escrever dentro desse segmento. Então, comecei a desenvolver uma bela história de amor, daquelas bem açucaradas. Quando eu já tinha escrito umas cinquenta páginas, vi uma matéria na Folha de São Paulo falando sobre o sincretismo religioso no Brasil. Era num caderno especial sobre a vinda do então papa Bento XVI ao país. Essa matéria usava um termo inusitado, catopíritas, para definir o imenso grupo de católicos brasileiros que acredita na reencarnação —, mas isso não é aceito pelos dogmas do catolicismo. Bingo! Na mesma hora, percebi que isso dava um livro. No entanto, o que eu tinha escrito não se encaixava... Então, joguei tudo fora e comecei uma nova “love story”, a história de amor entre Caio e Mariana. Como eles dois também são católicos que acreditam na reencarnação, eu aproveito e apresento o catopiritismo como a maior religião do Brasil.

2- Como você descobriu e qual a sua relação com o “Catopiritismo”?

Eu me descobri catopírita quando me deparei com aquela matéria da Folha de São Paulo. Foi ali que eu me dei conta que existe um imenso grupo de católicos no Brasil que não se encaixa no catolicismo tradicional. Sou eu e dezenas de milhões de pessoas.

3- Como você formulou a personalidade de Caio e Mariana, e com qual dos dois você se identifica mais?

Essa é uma das maiores preocupações que um autor deve ter: a definição do perfil psicológico dos personagens com os quais ele vai trabalhar. O público leitor para o qual você quer direcionar a sua história precisa se identificar com eles, se não o livro não vai agradar. No caso de Caio, foi mais fácil pra mim, porque sou homem e também sou professor, a mesma profissão que escolhi para ele. Mas, no caso de Mariana eu conversei muito com várias amigas minhas. As dicas delas foram preciosas. Isso foi fundamental para que eu traçasse uma figura feminina com a qual as leitoras pudessem se identificar: uma mulher de 35 anos, bem sucedida profissionalmente, casada, mas com muita dificuldade para engravidar. Apesar dos dois serem criações minhas, não acho que eu me identifique com nenhum deles. Ambos são bem diferentes de mim.

4- Qual seu ponto preferido do livro?

O último encontro entre Caio e Mariana. Eles não sabem que estão se vendo pela última vez, mas pouco depois isso fica evidente. É a parte mais emocionante do livro. E muita gente que leu concorda comigo. Só não posso entrar em detalhes aqui porque estragaria o prazer de quem ainda vai ler.

5- Quanto tempo foi necessário para o livro ficar pronto?

Meu primeiro romance é um livro grosso: 563 páginas. Entre eu ter a ideia e vê-lo publicado foram cinco anos. Mas, levei todo esse tempo porque tive que me dividir entre a literatura e os empregos. Se eu tivesse tido condições de me dedicar somente a ele, teria terminado tudo em dois anos.

6- Em relação à produção do livro, você tem algum “ritual" durante a escrita?

Não tenho um ritual, mas os meus grandes momentos de criação não ocorrem na frente do computador, quando estou escrevendo. Mais de 90% do que eu crio acontece debaixo do chuveiro. É sério! Quando vou para o computador é apenas para despejar nas páginas em branco aquilo que a minha mente criou durante os banhos.

7- Agora, em relação à publicação, foi difícil achar uma editora?

As formas de você publicar um livro estão mudando numa velocidade muito alta. Até pouco tempo atrás a maneira mais tradicional era você mandar o seu original para uma editora especializada no segmento do seu livro e torcer para que eles lessem e lhe respondessem. Na grande maioria das vezes, essa resposta não vinha e você ficava chupando dedo durante anos e anos tentando com uma e com outras. Depois surgiu a publicação compartilhada, onde o autor divide os custos da primeira publicação com a editora. Esse foi o meu caso. Eu descobri o selo Talentos da Literatura Brasileira da Editora Novo Século que trabalha dessa forma. Esse selo eu já considero a maior porta de entrada para o autor iniciante no Brasil. Porém, nos últimos tempos uma outra forma de divulgação está bastante em evidência. É a publicação em mídias sociais. As editoras estão de olhos nelas. A plataforma mais conhecida é o WattPad. Quem consegue muitos seguidores fatalmente receberá o convite de alguma editora.

8- Qual foi sua reação ao pegar o livro pela primeira vez?

As primeiras coisas sempre tem uma importância muito grande em nossas vidas. Então, com o primeiro livro não é diferente. Assim que o peguei, tive uma grande alegria, aquela sensação gostosa de ver um sonho realizado.

9- O que você diria aos escritores iniciantes que ainda não têm uma obra publicada?

Sempre digo àqueles que querem ser escritores que a melhor maneira de escrever um livro é dedicar-se a ele, custe o que custar. Não adianta ficar pensando, pensando e pensando... Quem quer ser escritor precisa colocar suas ideias no papel. Mas, antes é bom estudar dois tópicos: “construção da narrativa” e “desenvolvimento de roteiro”. Isso vai ensinar o autor a desenvolver uma trilha e passar por ela escrevendo as cenas. Quem começa a escrever de uma vez, esperando as ideias fluírem naturalmente, corre o risco de desenvolver inúmeros fatos e cenas que não levam a lugar algum. Outra coisa importantíssima: é preciso escrever todos os dias, nem que depois seja preciso deletar coisas mal escritas. Quem escreve apenas de vez em quando perde a história.

10- Como você enxerga a situação da literatura brasileira nos dias de hoje?

Muitos talentos estão surgindo, principalmente na área de literatura fantástica, aquele mundo em que se fala de duendes, vampiros, meninos com poderes sobrenaturais etc. Mas, ao mesmo tempo uma coisa chama a atenção: esses autores raramente conseguem entrar nas listas de best-sellers de ficção. Essas listas são completamente dominadas por autores estrangeiros. Um autor brasileiro pode até entrar de vez em quando, mas rapidamente sai. Os nacionais só conseguem se destacar em não-ficção e autoajuda. Então, fica a pergunta: o que está faltando para o autor brasileiro ser forte em vendas na área de ficção? Será que os leitores do nosso país não estão se identificando com as histórias que estão sendo criadas? Isso dá um longo debate.

Bom, espero que vocês gostem! E não deixem de conferir a resenha do livro feita aqui no blog: Um Beijo No Teu Sorriso.

30 Comentários:

  1. Oie, Vinícius! Gostei muito da sua entrevista com o Júlio. Já tinha visto o livro dele no site da NS e achei bem interessante a premissa. Gosto de love stories, mesmo que não seja meu gênero favorito. A inserção dessa crença brasileira também é bacana, já que o sincretismo no Brasil é muito grande.
    Bjus e sucesso a vocês!
    Anna - Letras & Versos

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    1. Se um dia você poder ler, espero que goste o//

      Obrigado pelo comentário.

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  2. Oi Vinícius!
    Não conhecia o livro e o autor e fiquei curiosa sobre este final tão surpreendente. Gostei muito da entrevista, o autor é muito simpático e os conselhos foram realmente bons, concordo que deve haver dedicação para um trabalho bem feito. :)
    beijos ♥
    nuclear--story.blogspot.com

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    1. O final é tipo, "UOUUUUU O Q EU FAÇO DA VIDA AGORA?? ehueheueueheuheh é muito bom mesmo.

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  3. Gostei da entrevista e fiquei com vontade de ler o livro, me pareceu muito interessante.
    Bluebell Bee

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    1. Não me canso de falar: O livro é maravilhoso!
      Espero que um dia você tenha a oportunidade de lê-lo.

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  4. Olá! Gosto de ver entrevista com os autores e poder conhece-los um pouco mais e até suas obras. Ainda não conhecia esse autor mas achei bem legal a premissa do livro.
    Beijos
    SIL | Estilhaçando Livros

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  5. Oie Vinicius =)

    Não conhecia o livro e nem o autor, mas gosto muito de post assim justamente por ter a oportunidade de conhecer novos autores.
    Parabéns pela entrevista!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  6. Oi Vinicius!
    Eu não conhecia o livro, nem o autor. É tão bom ver que novos autores estão dando os primeiros passos para conquistar o seu espaço dentro da nossa literatura, né?
    Sucesso para o Julio Cesar!
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  7. Oi Vinis!

    Olha, conheço muitos católicos que acreditam em coisas espíritas, não sabia que eles tinham esse nome! O Livro parece ser bem interessante, não conhecia nem o livro nem o autor... Achei muito corajoso da parte dele jogar 50 páginas fora e começar tudo de novo! rsrsrs

    Bjinhos
    JuJu
    As Besteiras Que Me Contam

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    1. Acho que todos conhecem um Catopirita, estranho não? Mas ficou muito legal a tematica no livro.

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  8. Oi Vinícius!

    Não conhecia esse autor e gostei muito da sua entrevista com o Júlio,porque acho que aproxima o autor do seus leitores.

    Bjos

    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com.br/

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  9. Não conhecia esse autor. Ótima aentrevista.
    O leyout do seu blog é bem bacana, parabéns.

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  10. Oi Vinicius! A primeira parceria sempre marca né? A minha também foi com uma autora, e me deu uma satisfação enorme, um sentimento de que estava no caminho certo. Por isso parabéns pela parceria com o Julio!
    Eu não conhecia o livro, que me parece ser muito, mas muito bom mesmo. A entrevista foi ótima, e realmente, faltam best-sellers de ficção no Brasil! Será que um dia a gente consegue? Hahaha.
    Beijo.

    http://www.claramenteinsana.com/

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    1. A primeira parceria é tão <3 ueheuheueh E o livro é mega hiper super bom! o///
      Um dia ou outro vamos conseguir, na minha opinião a literatura brasileira a cada dia está evoluindo, basta ter paciência...

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  11. Oi
    Não conhecia o autor, mais legal que ele foi o primeiro a dar uma chance para o seu blog
    Interessante a entrevista, nem conhecia essa palavra catopirismo.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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    1. Antes de ler o livro eu também não conhecia. Achei interessante esta nova descoberta.
      Obrigado pelo comentário o/

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  12. Olá, Vinicius. Tudo bem?
    Não conhecia o autor, nem a obra, mas adorei conhecer.
    Um Beijo no Teu Sorriso, me chamou bastante atenção.
    Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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    1. Olá Renato,
      Espero que você tenha a oportunidade de le-lo.
      Obrigado pelo comentário o/

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  13. Olá Vinicius, eu não conhecia o livro, apesar de não ser católica e nem acreditar em reencarnação, dei uma pesquisada na sinopse do livro e achei bem interessante. E já me imaginei chorando com esse ultimo encontro de Caio e Mariana. Lendo sua entrevista o autor parece ser muito simpático, parabéns pela parceria!

    Beijos
    Dani Cruz
    blog-emcomum.blogspot.com.br
    Twitter - @blogemcomum / Insta - @blogemcomum / Fanpage Em Comum

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    1. Chorando? Bom, não é bem no último encontro que exatamente acontece isso.... uheuehuehueheuheueheu

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  14. Não conhecia o autor mas gostei da entrevista.
    Post it & Livros

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  15. Oi Vinícius!
    Não conhecia nem o autor, nem o livro.
    Muito legal sua entrevista! Adorei.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  16. Amei a entrevista!!
    Arrasou, viu? *.*

    Beijinhos :*
    Sankas Books

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