segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Conto: Pacto Eterno - Sabrina Saucedo #2

E assim como prometido, a segunda parte do conto Pacto Eterno está aqui. Lembrando que é um conto que vai ser dividido em partes, a primeira parte já foi postada aqui no blog anteriormente e pode ser conferido clicando aqui. Então se você ainda não leu a primeira parte, o que está esperando para ler?! rsrsrs

Sem mais delongas... Segue o conto:


— Porque o chamam de príncipe se já tens um reino para chamar de seu?

A pergunta o pega de surpresa. A verdade era que prestes a completar trinta e cinco anos o príncipe Vlad não possuía uma esposa. Durante anos moças de todo o reino lhe eram apresentadas e eles as dispensava cada vez mais rápido conforme o passar do tempo. Sabia o quanto havia sido infeliz o casamento arranjado de seus pais e não queria o mesmo para si. Sentia falta de uma esposa, porém dadas as circunstâncias lhe propostas achava mais conveniente não tê-la.

—Tens medo do amor, príncipe?

— Como posso temer algo que desconheço? — Pergunta ele de queixo erguido a mulher, seus olhos vagam pelo quarto sem vida.

— Sábia decisão.

Um barulho vindo do corredor a assusta e ela dá um passo para trás em direção a varanda.

— Espere, o que quer de mim?

— Me aguarde príncipe, retornarei assim que estiver sozinho novamente, não temos muito tempo.

Então ela se foi. Num piscar de olhos, no exato instante em que as portas do imenso quarto foram abertas por seu grande amigo e segundo em comando no exército, Vincent.

— O que está esperando Vlad? — Diz ele colocando a mão em seus ombros visivelmente embriagado, o cheiro de vinho impregnado em seu corpo como uma doença — O salão está cheio de bebidas geladas e mulheres quentes, e prefere ficar trancafiado aqui, irmão?

Vincent ri levando-o para fora e sendo conduzido pelo amigo de infância. Príncipe Vlad veste uma camiseta branca limpa e olha pela última vez para a sacada vazia.

A animada música vinda dos instrumentos que eram tocados no salão ecoavam nas paredes de pedra do castelo, o som dos passos ritmados batendo contra o chão de mármore do grande salão e o cheiro de bebida envolvendo o ar abraçando quem por ele passasse. Vlad passou em meio as diversas pessoas, seu povo, sentou-se em sua cadeira de frente para tudo e todos e deu-se conta de que alguém colocara uma taça de vinho em suas mãos, com a cabeça muito longe dali ele deu-se conta da multidão que o encarava ansiosa a espera das palavras de seu adorado rei. Vlad levanta a taça e todos fazem o mesmo, dizendo em tom de voz sério que não lembrava em nada quem era.

— À Angar.

— À Angar. — Repetem todos em uníssono e o barulho de brindes, palmas e risadas invade seus ouvidos.

A festa durou a noite inteira. Frequentemente eram trazidas por seus amigos e principalmente Vincent ansiosas moças que lhe eram apresentadas, Vlad se limitava a trocar poucas e rasas palavras com cada uma, sempre de modo gentil, mas sua mente sempre o levava até a misteriosa Bruxa e sua surreal beleza seguido da curiosidade do porque estar ali, acompanhado do receio de estar lidando com um ser instável e traiçoeiro como ela. Quando Vincent começou a tropeçar em obstáculos invisíveis no salão Vlad deixou seu posto e pôs o braço do amigo em seu ombro levando-o para seu quarto sustentando todo seu pesado corpo.

— O que achou das moças de hoje, hein?  Diz ele entre um soluço e outro.

— Prometa-me que desistirá de me arranjar uma esposa, Vincent. 

O homem sorri.

— Encontrarei a rainha de Angar, nem que seja preciso — Soluça. — ir a todos os reinos.

— Os inimigos também?— Provoca Vlad com um sorriso no rosto deitando seu amigo na cama tirando seu braço de si, mas Vincent já estava roncando.

Quando deixou o quarto do amigo a música havia diminuído no andar de baixo e algumas pessoas passeavam pelos arredores do castelo de modo que sentiu-se livre para voltar aos seus aposentos sem parecer grosseiro.

Ao entrar Vlad foi diretamente para a varanda, porém a voz aveludada veio detrás de si, sentada em uma cadeira ao canto da mesa de vinhos.

— Então isso que chamam de festa.

— Nunca esteve em uma?

Ela balança a cabeça negativamente e então levanta-se parando a dois metros do príncipe, uma atitude de precaução para que não a interpretasse errado e uma espada não fosse novamente parar em seu pescoço.

— Príncipe Vlad, vim até seu reino pois preciso de sua ajuda para proteger seu povo e ao meu.

Ele estreita os olhos tentando entender e esperando em silêncio.

— Minhas irmãs irão atacar com toda a força que possuem e nem mesmo o mais forte exército será capaz de detê-las, porém tenho conhecimento da existência de um livro localizado em um lugar secreto que contém um feitiço que será capaz de nos salvar. — Ela suspira, —  Príncipe, preciso que vá comigo até o outro lado da montanha.

— E porque vieste justamente  a mim?

— Porque foi quem começou esta guerra, porque acredito que queira proteger seu povo de seu erro e porque preciso de proteção.

Ele ri, não consegue evitar. Dara paralisa ao som daquela risada grossa sentindo estranhamente que a guardaria na memória para sempre.

— És uma bruxa, queres mesmo que eu acredite que precisa de minha proteção?

Ela não responde, o que o faz sentir-se estranhamente estúpido.

— E se for uma emboscada? Tirar-me do meu reino para que suas irmãs possam atacar?

— Permita-me dizer que a ausência de apenas um homem não mudaria em nada nos resultados da ira de minhas irmãs, sendo ele rei ou não.

Ele suspira travando uma enorme batalha dentro de si e o silêncio domina o quarto.

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