“Quantas vezes eu já disse que, tendo
eliminado o impossível, aquilo que resta, ainda
que improvável, deve ser a verdade?”
Sir Arthur
Conan Doyle (1859-1930) escreveu poucos romances. Seus trabalhos mais
numerosos são os contos, compilados e editados de diversas formas, através de
inúmeras publicações no mundo todo.
São
apenas quatro romances (textos de narrativa longa) escritos e 56 contos, já tive a
felicidade de ler todos! sendo eles, os romances: Um
estudo em vermelho, O cão dos
Baskervilles, o vale do terror e O signo dos quatro,
que terá mais destaque neste texto, a seguir, em forma de resenha.
As narrativas de Sherlock Holmes são sempre
espetaculares. Uma vez que se comece a leitura, é difícil largá-la antes do
fim. Conan Doyle criou um universo de investigação com personagens tão
interessantes, que, mesmo após décadas ou séculos, seus textos ainda têm valor
inestimável.
Em O signo
dos quatro, mais uma vez temos a narrativa feita por Dr. Watson, o médico e
fiel companheiro de Sherlock em suas investigações, que se propõe a escrever
sobre os casos que os dois desvendam em conjunto.
O livro começa com um Sherlock Holmes extremamente
entediado pela ausência de trabalho. Até mesmo depressivo, por não ter um crime
para desvendar.
“–
Posso lhe perguntar se está em alguma investigação profissional no momento?
–
Nenhuma. Daí a depressão. Não consigo viver sem exercitar o cérebro. Do
contrário, de que adianta viver? Olhe pela janela. Já houve mundo mais triste e
sem sentido? Veja como a neblina amarelada vagueia pela rua entre as casas
cinzentas. O que poderia ser mais prosaico e material? De que adianta ter
capacidades quando não há onde exercê-las? O crime é banal, a existência é
banal, e nenhuma qualidade, salvo as banais, tem lugar no mundo” (Pág. 21).
Contudo, esse quadro logo muda, quando a jovem
Srta. Mary Morstan vem recorrer a sua ajuda, a fim de solucionar o
desaparecimento misterioso do pai, um oficial que servia na Índia.
O homem havia tirado licença e escreveu para a
filha, dizendo que iria para a Inglaterra a fim de visitar a família. Entretanto,
quando ela vai ao hotel em que ele se hospedara, sua bagagem continuava ali,
mas o homem desaparecera sem deixar rastros. Anos haviam se passado.
Mais dois detalhes peculiares rondavam o caso:
todos os anos, a jovem passou a receber na mesma data, uma caixa contendo uma
pérola, que, segundo peritos, era rara e valiosa; além disso, na data em que
procura a ajuda de Holmes, ela havia recebido um bilhete misterioso,
solicitando que se encontrasse com alguém a fim de obter justiça, já que
ela havia sido prejudicada.
Assim, Holmes, agora animado com o caso que batera
à sua porta, e Dr. Watson, vão junto da moça ao encontro solicitado, dando,
assim, início a uma investigação que leva a um final inesperado, com direito a
reviravoltas e descobertas que dificilmente algum leitor irá prever.
“Sherlock
Holmes dobrou-se para olhar e, instantaneamente, ergueu-se novamente,
inspirando profundamente para tomar fôlego.
–
Há algo de diabólico aqui, Watson – ele disse, parecendo mais emocionado do que
eu jamais vira. – O que você acha?
Olhei
pelo buraco e me encolhi. Horrorizado” (Pág. 72).
Além da narrativa de investigação e suspense, o que
marca os textos de Conan Doyle são as características marcantes de Holmes. Em O signo dos quatro temos, mais uma vez,
todas essas características presentes em grande estilo, sendo elas fundamentais
para que o personagem atravesse séculos, e mesmo assim continue sendo um dos
mais conhecidos e célebres investigadores, não apenas da literatura, mas também
do cinema, teatro e da TV.
Trecho: “Holmes pegou sua lupa e uma fita métrica, percorreu todo o quarto de
joelhos, medindo, comparando, examinando, com seu nariz longo e fino a apenas
alguns centímetros da marca e os olhos penetrantes e atentos como os de uma
ave. Ele agia tão rápida e silenciosamente, parecendo um cão policial seguindo
seu faro, que não pude deixar de imaginar como ele poderia ser um criminoso
terrível, se tivesse voltado suas energias e sua sagacidade contra a lei, em
vez de colocá-las a seu serviço. Enquanto prosseguia seu exame, Holmes não
parava de falar consigo mesmo, até que explodiu num grito de alegria.
–
Estamos com sorte – disse. – Agora não devemos encontrar mais dificuldades”
(Pág. 84).